“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.” A célebre afirmação da filósofa e ativista Angela Davis sintetiza os impactos do trabalho da PretaLab, que tem como um dos objetivos alterar o status quo – colonialista, patriarcal e racista – ao estimular mulheres negras a pertencerem a uma área promissora, prestigiada e conectada ao futuro.

A partir da formação psicoemocional e técnica de mulheres negras, a PretaLab contribui para fomentar mudanças estruturais na sociedade. Na pesquisa que traz números e verbalizações sobre os impactos da iniciativa, 82,5% das mulheres afirmam que participar da PretaLab faz diferença em suas vidas. Quando se referem às conquistas mais importantes do projeto, as respostas com mais votos apontam para aceleradores de mudanças estruturais na vida das participantes e, portanto, da sociedade brasileira.

De fato, a ascensão social de mulheres negras representa um futuro digno para as gerações seguintes, uma vez que, do total de 11 milhões de mães solteiras e chefes de família no Brasil, 62% são negras. Dentro desse grupo, a maioria delas (25%) presta serviços domésticos, segundo o relatório do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, publicada em março de 2023.

Aldren Flores, gestora de Projetos da PretaLab, destaca que muitas das mulheres que participam dos ciclos formativos são provedoras de suas famílias. “É muito comum recebermos perguntas sobre o número de mulheres impactadas, a quantidade de inscritas por ano e a escala de impacto. Mas é importante dizer que, quando nos referimos a impacto social, sobretudo em se tratando de raça, não estamos falando apenas de números. Isso porque, se houver impacto na vida de uma mulher negra, isso se reflete em todo o círculo social dela. Estamos falando de mulheres que são arrimos de família e que, provavelmente, serão as primeiras a ter um salário melhor dentro de seus núcleos. Esse salário e a experiência de ascensão dessa mulher farão com que as pessoas ao redor dela a vejam como inspiração e vejam também a tecnologia como um horizonte possível”, afirma Aldren. 

Sem formação anterior em tecnologia, uma das mulheres impactadas pela PretaLab reflete sobre o que é ofertado para mulheres negras de modo geral em contraste com o que a iniciativa propõe: “A PretaLab dá oportunidade para ver algo que muitas vezes é escondido de nós. Geralmente, o que é oferecido, de ensino, são cursos profissionalizantes voltados para área da estética, manicure, cabeleireiro, padeiro – nada que vai realmente proporcionar uma ascensão social, é algo que vai manter nosso padrão econômico no mesmo [nível], uma média de um salário mínimo. Isso não vai conseguir fazer com que a gente proporcione para nossa família uma estabilidade financeira melhor”.

A possibilidade de melhoria social e financeira contribui diretamente para as ODS 10 (redução das desigualdades), 5 (igualdade de gênero) e 8 (trabalho decente e crescimento econômico), levando às mulheres a perspectiva de uma boa remuneração e a garantia de um amanhã mais próspero para si e para os seus. Ingressar e conhecer a área de tecnologia a partir de mãos e olhares negros contribui também para a autoconfiança no mercado de trabalho de forma mais ampla. Como afirma uma das participantes: “Mais importante do que ser uma programadora, é você entender que é boa, que é capaz. Cursos e treinamentos existem em todo lugar, de graça ou pagos, mas ver alguém te empoderando, não. Isso é mais importante do que saber fazer”.

Para a maioria das mulheres, a transformação acontece de dentro para fora. A PretaLab estimula o autoconhecimento em seus ciclos formativos. Conhecer a si mesma leva ao aumento da segurança e se estabelece como um pilar para acolher outras e incentivar que esse círculo virtuoso se repita. Trata-se, também, de um modo de enfrentamento da condição de solidão das mulheres negras – para muitas entrevistadas, o sentimento de isolamento e desorientação era frequente. Elas relatam que, depois da PretaLab, veem-se pertencentes, fortalecidas e reconectadas. Desse modo, emergem mudanças estruturais que resgatam filosofias ancestrais, e o encontro das participantes se transforma num aquilombamento, para lidar com as barreiras do mercado de trabalho, entre outros desafios.

“Duvidei muito de mim, mas consegui. Estou num momento de realização profissional muito grande. Estou na liderança de projetos, entendi que era capaz de fazer coisas que duvidava, por ser um ambiente masculino e branco”, conta uma participante da iniciativa que, aos 26 anos, atua no setor tecnológico. 

A partir do autoconhecimento, autoconfiança e pertencimento, elas mencionam estarem mais motivadas para iniciar ou continuar os estudos. Assim, a PretaLab chama a atenção também para a ODS 4, que propõe assegurar a educação inclusiva, igualitária e de qualidade. A pesquisa detalha que elas foram estimuladas a pensar nas mudanças do mercado de trabalho e, por isso, querem começar uma graduação, começar uma segunda graduação, entrar em programas de pós-graduação ou cursos técnicos para aprender novas linguagens ou programas. Além disso, estar no campo da tecnologia, considerado “difícil”, aumenta o senso de capacidade. É justamente por esse grau de dificuldade que o acesso à área de TI funciona também como uma porta de empoderamento para ocupar qualquer espaço profissional. 

Para Aldren Flores, o preparo técnico e psicoemocional para a inserção de mulheres negras no mercado de trabalho impulsiona mudanças estruturais tangíveis e intangíveis: “Tangível, no sentido de que, sim, a mulher terá maior poder de consumo, vai ascender socialmente e melhorar as condições de vida de sua família. Estamos falando de acesso à educação, à saúde, a um lazer qualificado, à moradia digna, com saneamento básico e de várias questões básicas para a sobrevivência do ser humano. Quando me refiro aos aspectos intangíveis, falo de inspiração, de transformação do imaginário de quem cerca essa mulher. Ter uma mãe, uma tia, uma amiga ou uma pessoa muito próxima que tem esse horizonte, cria um cenário diferente. A partir disso, a forma como a pessoa olha para a própria formação e para o próprio desejo é transformada”. 

“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.” A célebre afirmação da filósofa e ativista Angela Davis sintetiza os impactos do trabalho da PretaLab, que tem como um dos objetivos alterar o status quo – colonialista, patriarcal e racista – ao estimular mulheres negras a pertencerem a uma área promissora, prestigiada e conectada ao futuro.

A partir da formação psicoemocional e técnica de mulheres negras, a PretaLab contribui para fomentar mudanças estruturais na sociedade. Na pesquisa que traz números e verbalizações sobre os impactos da iniciativa, 82,5% das mulheres afirmam que participar da PretaLab faz diferença em suas vidas. Quando se referem às conquistas mais importantes do projeto, as respostas com mais votos apontam para aceleradores de mudanças estruturais na vida das participantes e, portanto, da sociedade brasileira.

De fato, a ascensão social de mulheres negras representa um futuro digno para as gerações seguintes, uma vez que, do total de 11 milhões de mães solteiras e chefes de família no Brasil, 62% são negras. Dentro desse grupo, a maioria delas (25%) presta serviços domésticos, segundo o relatório do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, publicada em março de 2023.

Aldren Flores, gestora de Projetos da PretaLab, destaca que muitas das mulheres que participam dos ciclos formativos são provedoras de suas famílias. “É muito comum recebermos perguntas sobre o número de mulheres impactadas, a quantidade de inscritas por ano e a escala de impacto. Mas é importante dizer que, quando nos referimos a impacto social, sobretudo em se tratando de raça, não estamos falando apenas de números. Isso porque, se houver impacto na vida de uma mulher negra, isso se reflete em todo o círculo social dela. Estamos falando de mulheres que são arrimos de família e que, provavelmente, serão as primeiras a ter um salário melhor dentro de seus núcleos. Esse salário e a experiência de ascensão dessa mulher farão com que as pessoas ao redor dela a vejam como inspiração e vejam também a tecnologia como um horizonte possível”, afirma Aldren. 

Sem formação anterior em tecnologia, uma das mulheres impactadas pela PretaLab reflete sobre o que é ofertado para mulheres negras de modo geral em contraste com o que a iniciativa propõe: “A PretaLab dá oportunidade para ver algo que muitas vezes é escondido de nós. Geralmente, o que é oferecido, de ensino, são cursos profissionalizantes voltados para área da estética, manicure, cabeleireiro, padeiro – nada que vai realmente proporcionar uma ascensão social, é algo que vai manter nosso padrão econômico no mesmo [nível], uma média de um salário mínimo. Isso não vai conseguir fazer com que a gente proporcione para nossa família uma estabilidade financeira melhor”.

A possibilidade de melhoria social e financeira contribui diretamente para as ODS 10 (redução das desigualdades), 5 (igualdade de gênero) e 8 (trabalho decente e crescimento econômico), levando às mulheres a perspectiva de uma boa remuneração e a garantia de um amanhã mais próspero para si e para os seus. Ingressar e conhecer a área de tecnologia a partir de mãos e olhares negros contribui também para a autoconfiança no mercado de trabalho de forma mais ampla. Como afirma uma das participantes: “Mais importante do que ser uma programadora, é você entender que é boa, que é capaz. Cursos e treinamentos existem em todo lugar, de graça ou pagos, mas ver alguém te empoderando, não. Isso é mais importante do que saber fazer”.

Para a maioria das mulheres, a transformação acontece de dentro para fora. A PretaLab estimula o autoconhecimento em seus ciclos formativos. Conhecer a si mesma leva ao aumento da segurança e se estabelece como um pilar para acolher outras e incentivar que esse círculo virtuoso se repita. Trata-se, também, de um modo de enfrentamento da condição de solidão das mulheres negras – para muitas entrevistadas, o sentimento de isolamento e desorientação era frequente. Elas relatam que, depois da PretaLab, veem-se pertencentes, fortalecidas e reconectadas. Desse modo, emergem mudanças estruturais que resgatam filosofias ancestrais, e o encontro das participantes se transforma num aquilombamento, para lidar com as barreiras do mercado de trabalho, entre outros desafios.

“Duvidei muito de mim, mas consegui. Estou num momento de realização profissional muito grande. Estou na liderança de projetos, entendi que era capaz de fazer coisas que duvidava, por ser um ambiente masculino e branco”, conta uma participante da iniciativa que, aos 26 anos, atua no setor tecnológico. 

A partir do autoconhecimento, autoconfiança e pertencimento, elas mencionam estarem mais motivadas para iniciar ou continuar os estudos. Assim, a PretaLab chama a atenção também para a ODS 4, que propõe assegurar a educação inclusiva, igualitária e de qualidade. A pesquisa detalha que elas foram estimuladas a pensar nas mudanças do mercado de trabalho e, por isso, querem começar uma graduação, começar uma segunda graduação, entrar em programas de pós-graduação ou cursos técnicos para aprender novas linguagens ou programas. Além disso, estar no campo da tecnologia, considerado “difícil”, aumenta o senso de capacidade. É justamente por esse grau de dificuldade que o acesso à área de TI funciona também como uma porta de empoderamento para ocupar qualquer espaço profissional. 

Para Aldren Flores, o preparo técnico e psicoemocional para a inserção de mulheres negras no mercado de trabalho impulsiona mudanças estruturais tangíveis e intangíveis: “Tangível, no sentido de que, sim, a mulher terá maior poder de consumo, vai ascender socialmente e melhorar as condições de vida de sua família. Estamos falando de acesso à educação, à saúde, a um lazer qualificado, à moradia digna, com saneamento básico e de várias questões básicas para a sobrevivência do ser humano. Quando me refiro aos aspectos intangíveis, falo de inspiração, de transformação do imaginário de quem cerca essa mulher. Ter uma mãe, uma tia, uma amiga ou uma pessoa muito próxima que tem esse horizonte, cria um cenário diferente. A partir disso, a forma como a pessoa olha para a própria formação e para o próprio desejo é transformada”. 

Contato:

comunidade@olabi.org.br

Sobre o Olabi

A PretaLab é uma iniciativa do Olabi, organização social que trabalha para trazer diversidade para a tecnologia e inovação. Se quiser colaborar com alguma dessas frentes de ação, entre em contato conosco.

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