“A PretaLab faz isso muito bem: mostrar que cada um é capaz. Me sinto mais segura e confiante, não me sinto inferior, eu sou tão boa quanto eles. Talvez isso seja mais importante do que me dar um treinamento e me jogar no mercado: mais importante do que ser uma programadora, é você entender que é boa, que é capaz. Cursos e treinamentos têm em todo lugar, de graça ou pagos, mas você ver alguém te empoderando, não. Isso é mais importante do que saber fazer.” 

Este depoimento figura entre os muitos que a PretaLab coletou numa pesquisa feita ao longo de 2022, quando o projeto pela inclusão de mais mulheres negras na tecnologia completou cinco anos. Agora, em seu aniversário de seis anos, a iniciativa da Olabi apresenta os resultados compilados pelo estudo.

Lançada em 2017, a PretaLab sempre partiu da escuta de mulheres negras, seja para mensurar sua participação no mercado de tecnologia, seja para desenvolver ciclos de formação e uma metodologia única, concebida para contemplar o acolhimento das participantes. Nessa pesquisa, não haveria de ser diferente: foi a partir da escuta delas, as mulheres negras que motivaram e fizeram crescer esse trabalho, que foram mapeados os impactos da atuação do projeto para transformar o cenário da inovação no Brasil.

Os resultados foram organizados em seis tópicos: diversidade para transformação, metodologia inclusiva, impulso para mudanças estruturais na sociedade, aumento do grau de empregabilidade das participantes, motivação para início e continuação de estudos e efeito multiplicador. Se em seu primeiro ano a PretaLab partiu de um apagão de dados sobre mulheres negras no mercado brasileiro de tecnologia, hoje a iniciativa mensura os efeitos de sua própria jornada: para 82,5% das mulheres entrevistadas, participar da PretaLab fez uma diferença positiva em suas vidas. 

Este percentual confirma que o projeto é um estímulo para acelerar mudanças sociais, ao movimentar uma estrutura muito consolidada, que é opressora e que mantém as mulheres negras na base da pirâmide social. Com o acesso à formação técnica, combinado ao senso de pertencimento e à segurança, as mulheres estabelecem autoconfiança e se tornam referências para a família e para outras mulheres de sua comunidade. Abre-se uma possibilidade de poder ocupar outra posição na sociedade, a possibilidade de imaginar ser o que se quer.

A partir da formação psicoemocional e técnica de mulheres negras em uma área conectada às principais mudanças do futuro, a PretaLab contribui para fomentar alterações na paisagem da tecnologia no Brasil, majoritariamente branca e masculina, como confirmam as estatísticas. Embora mais da metade da população do país seja formada por mulheres, das quais 27,8% são negras, segundo o IBGE, o mercado de tecnologia é composto predominantemente por homens (68,3%) e pessoas brancas (58,3%). Tais percentuais, aliás, são achados de uma pesquisa da PretaLab (“Quem Coda BR”), realizada  em parceria com a ThoughtWorks, consultoria global de software, e divulgada em agosto de 2019.  

De acordo com dados de 2018 da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, as mulheres negras são  11% dos profissionais em empresas de tecnologia no Brasil – 37% são homens brancos ou asiáticos e 22% mulheres brancas ou asiáticas. Além do baixo índice de participação, outro problema grave se apresenta quando elas, enfim, conseguem entrar nesse mercado. O estudo “Vozes Negras na Tecnologia Brasileira”, feito pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) em parceria com a ThoughtWorks, revela que apenas 2% mulheres negras ocupam cargos de liderança em empresas de tecnologia – e 70% delas afirmam ter sofrido algum tipo de discriminação racial em suas carreiras na área de TI.

Diante de uma sociedade fincada no racismo estrutural, patriarcal e colonialista, é urgente pensar a inserção e o desenvolvimento das mulheres negras no mercado de trabalho considerando identidades e subjetividades. Em 2020, quando a PretaLab lançou o primeiro ciclo formativo para mulheres que já atuavam no mercado de tecnologia, com a proposta de impulsionar suas carreiras, essa premissa já estava presente. Em meio à pandemia, as participantes foram convidadas a responder perguntas sobre a formação e como melhorar o trabalho nos anos seguintes. Naquele momento, foram muitos os relatos de saúde mental abalada. Não por acaso, em 2021, o projeto incorporou o pilar de autoconhecimento. 

Desde os primeiros momentos, ainda na concepção do projeto, havia a preocupação de criar um espaço onde as mulheres pudessem se ver de outras formas. O desenvolvimento da metodologia sempre orbitou em torno da pergunta: como criar um ambiente seguro e acolhedor para que as mulheres possam expor suas vulnerabilidades sem medo? O conhecimento técnico não é entendido como algo dissociado da subjetividade das mulheres negras, do reconhecimento de suas necessidades e da importância de o ambiente ser de acolhimento para que as fragilidades e potências possam aflorar. Essa diretriz está em outro marco na história da PretaLab: em 2021, o projeto desenvolveu uma metodologia única e inclusiva, feita por mulheres negras para mulheres negras.

Biamichelle Miranda foi uma figura central nesse processo. Programadora nascida no Pará, doutoranda em diversidade e tecnologia na PUC do Rio Grande do Sul, ela nos deixou precocemente, aos 35 anos, em novembro do ano passado, mas sua construção na PretaLab permanece. Biamichelle somava a experiência teórica e as vivências práticas, matérias-primas fundamentais para a criação daquele que seria um dos principais diferenciais da PretaLab – a metodologia fincada nas noções de pertencimento e acolhimento. Os efeitos desse trabalho são de grande destaque na pesquisa realizada em 2022. Numa lista de 20 conquistas mais importantes e frutos da contribuição da PretaLab, as mais votadas foram aquelas diretamente relacionadas à metodologia: a sensação de pertencimento foi apontada pela maioria das participantes, seguida pelo acolhimento, o aumento do autoconhecimento e o aumento da autoconfiança. As mulheres ainda ressaltaram o encorajamento para compartilhar dúvidas e inseguranças e o espaço seguro para compartilhar histórias de opressão de gênero e racismo.

As práticas e posturas adotadas pela PretaLab ao longo de sua trajetória extrapolam a função da metodologia e reverberam, por exemplo, no impulso para mudanças estruturais na sociedade. Na pesquisa, muitas mulheres dizem que uma conquista do projeto foi   o aumento de sua crença de que é possível ter trabalho melhor no futuro. Tão importante quanto é o impacto na empregabilidade delas: mais de 30% delas apontam um aumento da rede de contatos, além do acesso a informações e dados sobre o mercado de tecnologia e o apoio para transição de carreira para a tecnologia. Fica evidente também o efeito multiplicador da PretaLab: 64% declaram que a participação impacta positivamente a vida das pessoas ao redor e, quando se referem às conquistas do projeto, 47% mencionam o senso de comunidade e a vontade de apoiar outras mulheres.

Os muitos números consolidados a partir da escuta das participantes corroboram a atuação da PretaLab em direção ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para além da ODS 5, que prevê a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, ou da ODS 9, que trata do fomento à inovação, a iniciativa da Olabi contribui para tantas outras, como a ODS 4 (assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos), a ODS 10 (reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles) e a ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico).

Ao lado dos números da pesquisa, os depoimentos indicam que o projeto não deve servir apenas como referência ou inspiração para projetos e políticas públicas que visam a inclusão de mulheres negras no mercado da tecnologia. Os resultados dos seis anos dessa trajetória são também um chamado à ação de empresas e governos em direção à construção de um futuro mais justo e igualitário. Como afirma uma das mulheres sobre os efeitos da PretaLab em sua vida: “Acredito que é entender que a gente pode sonhar, que a gente pode se planejar e ter uma carreira, ter referências, a gente ter multiplicadoras, ter em quem se apoiar. ‘Quero ser que nem ela’, me espelhei e a partir daqui eu sei onde vou. Durante muito tempo, a gente não tinha como traçar um planejamento e saber nosso lugar. A gente agora sabe o nosso lugar, quem são nossas referências, quem seguir e aonde a gente quer chegar”. 

“A PretaLab faz isso muito bem: mostrar que cada um é capaz. Me sinto mais segura e confiante, não me sinto inferior, eu sou tão boa quanto eles. Talvez isso seja mais importante do que me dar um treinamento e me jogar no mercado: mais importante do que ser uma programadora, é você entender que é boa, que é capaz. Cursos e treinamentos têm em todo lugar, de graça ou pagos, mas você ver alguém te empoderando, não. Isso é mais importante do que saber fazer.” 

Este depoimento figura entre os muitos que a PretaLab coletou numa pesquisa feita ao longo de 2022, quando o projeto pela inclusão de mais mulheres negras na tecnologia completou cinco anos. Agora, em seu aniversário de seis anos, a iniciativa da Olabi apresenta os resultados compilados pelo estudo.

Lançada em 2017, a PretaLab sempre partiu da escuta de mulheres negras, seja para mensurar sua participação no mercado de tecnologia, seja para desenvolver ciclos de formação e uma metodologia única, concebida para contemplar o acolhimento das participantes. Nessa pesquisa, não haveria de ser diferente: foi a partir da escuta delas, as mulheres negras que motivaram e fizeram crescer esse trabalho, que foram mapeados os impactos da atuação do projeto para transformar o cenário da inovação no Brasil.

Os resultados foram organizados em seis tópicos: diversidade para transformação, metodologia inclusiva, impulso para mudanças estruturais na sociedade, aumento do grau de empregabilidade das participantes, motivação para início e continuação de estudos e efeito multiplicador. Se em seu primeiro ano a PretaLab partiu de um apagão de dados sobre mulheres negras no mercado brasileiro de tecnologia, hoje a iniciativa mensura os efeitos de sua própria jornada: para 82,5% das mulheres entrevistadas, participar da PretaLab fez uma diferença positiva em suas vidas. 

Este percentual confirma que o projeto é um estímulo para acelerar mudanças sociais, ao movimentar uma estrutura muito consolidada, que é opressora e que mantém as mulheres negras na base da pirâmide social. Com o acesso à formação técnica, combinado ao senso de pertencimento e à segurança, as mulheres estabelecem autoconfiança e se tornam referências para a família e para outras mulheres de sua comunidade. Abre-se uma possibilidade de poder ocupar outra posição na sociedade, a possibilidade de imaginar ser o que se quer.

A partir da formação psicoemocional e técnica de mulheres negras em uma área conectada às principais mudanças do futuro, a PretaLab contribui para fomentar alterações na paisagem da tecnologia no Brasil, majoritariamente branca e masculina, como confirmam as estatísticas. Embora mais da metade da população do país seja formada por mulheres, das quais 27,8% são negras, segundo o IBGE, o mercado de tecnologia é composto predominantemente por homens (68,3%) e pessoas brancas (58,3%). Tais percentuais, aliás, são achados de uma pesquisa da PretaLab (“Quem Coda BR”), realizada  em parceria com a ThoughtWorks, consultoria global de software, e divulgada em agosto de 2019.  

De acordo com dados de 2018 da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, as mulheres negras são  11% dos profissionais em empresas de tecnologia no Brasil – 37% são homens brancos ou asiáticos e 22% mulheres brancas ou asiáticas. Além do baixo índice de participação, outro problema grave se apresenta quando elas, enfim, conseguem entrar nesse mercado. O estudo “Vozes Negras na Tecnologia Brasileira”, feito pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) em parceria com a ThoughtWorks, revela que apenas 2% mulheres negras ocupam cargos de liderança em empresas de tecnologia – e 70% delas afirmam ter sofrido algum tipo de discriminação racial em suas carreiras na área de TI.

Diante de uma sociedade fincada no racismo estrutural, patriarcal e colonialista, é urgente pensar a inserção e o desenvolvimento das mulheres negras no mercado de trabalho considerando identidades e subjetividades. Em 2020, quando a PretaLab lançou o primeiro ciclo formativo para mulheres que já atuavam no mercado de tecnologia, com a proposta de impulsionar suas carreiras, essa premissa já estava presente. Em meio à pandemia, as participantes foram convidadas a responder perguntas sobre a formação e como melhorar o trabalho nos anos seguintes. Naquele momento, foram muitos os relatos de saúde mental abalada. Não por acaso, em 2021, o projeto incorporou o pilar de autoconhecimento. 

Desde os primeiros momentos, ainda na concepção do projeto, havia a preocupação de criar um espaço onde as mulheres pudessem se ver de outras formas. O desenvolvimento da metodologia sempre orbitou em torno da pergunta: como criar um ambiente seguro e acolhedor para que as mulheres possam expor suas vulnerabilidades sem medo? O conhecimento técnico não é entendido como algo dissociado da subjetividade das mulheres negras, do reconhecimento de suas necessidades e da importância de o ambiente ser de acolhimento para que as fragilidades e potências possam aflorar. Essa diretriz está em outro marco na história da PretaLab: em 2021, o projeto desenvolveu uma metodologia única e inclusiva, feita por mulheres negras para mulheres negras.

Biamichelle Miranda foi uma figura central nesse processo. Programadora nascida no Pará, doutoranda em diversidade e tecnologia na PUC do Rio Grande do Sul, ela nos deixou precocemente, aos 35 anos, em novembro do ano passado, mas sua construção na PretaLab permanece. Biamichelle somava a experiência teórica e as vivências práticas, matérias-primas fundamentais para a criação daquele que seria um dos principais diferenciais da PretaLab – a metodologia fincada nas noções de pertencimento e acolhimento. Os efeitos desse trabalho são de grande destaque na pesquisa realizada em 2022. Numa lista de 20 conquistas mais importantes e frutos da contribuição da PretaLab, as mais votadas foram aquelas diretamente relacionadas à metodologia: a sensação de pertencimento foi apontada pela maioria das participantes, seguida pelo acolhimento, o aumento do autoconhecimento e o aumento da autoconfiança. As mulheres ainda ressaltaram o encorajamento para compartilhar dúvidas e inseguranças e o espaço seguro para compartilhar histórias de opressão de gênero e racismo.

As práticas e posturas adotadas pela PretaLab ao longo de sua trajetória extrapolam a função da metodologia e reverberam, por exemplo, no impulso para mudanças estruturais na sociedade. Na pesquisa, muitas mulheres dizem que uma conquista do projeto foi   o aumento de sua crença de que é possível ter trabalho melhor no futuro. Tão importante quanto é o impacto na empregabilidade delas: mais de 30% delas apontam um aumento da rede de contatos, além do acesso a informações e dados sobre o mercado de tecnologia e o apoio para transição de carreira para a tecnologia. Fica evidente também o efeito multiplicador da PretaLab: 64% declaram que a participação impacta positivamente a vida das pessoas ao redor e, quando se referem às conquistas do projeto, 47% mencionam o senso de comunidade e a vontade de apoiar outras mulheres.

Os muitos números consolidados a partir da escuta das participantes corroboram a atuação da PretaLab em direção ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para além da ODS 5, que prevê a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, ou da ODS 9, que trata do fomento à inovação, a iniciativa da Olabi contribui para tantas outras, como a ODS 4 (assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos), a ODS 10 (reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles) e a ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico).

Ao lado dos números da pesquisa, os depoimentos indicam que o projeto não deve servir apenas como referência ou inspiração para projetos e políticas públicas que visam a inclusão de mulheres negras no mercado da tecnologia. Os resultados dos seis anos dessa trajetória são também um chamado à ação de empresas e governos em direção à construção de um futuro mais justo e igualitário. Como afirma uma das mulheres sobre os efeitos da PretaLab em sua vida: “Acredito que é entender que a gente pode sonhar, que a gente pode se planejar e ter uma carreira, ter referências, a gente ter multiplicadoras, ter em quem se apoiar. ‘Quero ser que nem ela’, me espelhei e a partir daqui eu sei onde vou. Durante muito tempo, a gente não tinha como traçar um planejamento e saber nosso lugar. A gente agora sabe o nosso lugar, quem são nossas referências, quem seguir e aonde a gente quer chegar”. 

Contato:

comunidade@olabi.org.br

Sobre o Olabi

A PretaLab é uma iniciativa do Olabi, organização social que trabalha para trazer diversidade para a tecnologia e inovação. Se quiser colaborar com alguma dessas frentes de ação, entre em contato conosco.

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Contato:

comunidade@olabi.org.br

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