Não é difícil de constatar: seja de forma empírica, observando imagens de ambientes corporativos no Brasil, seja por meio de estatísticas, a presença de mulheres negras no mercado da tecnologia não condiz com sua representação na sociedade. Se elas correspondem a 28% da população brasileira, segundo o IBGE, representam apenas 11% dos profissionais em empresas do setor no país. O perfil deles é majoritariamente masculino: segundo a pesquisa “Quem Coda BR”, a área é formada sobretudo por homens (68%), brancos (58%), com idade entre 18 e 34 anos (77%). Os dados foram levantados em 2018 pela própria PretaLab, que, então, buscava mapear a presença (invisibilizada) de mulheres negras no setor. 

Hoje, a iniciativa do Olabi é composta por uma rede de centenas de mulheres, das quais 84% se autodeclaram pretas e 16% pardas. Boa parte delas (44%) tem idade entre 31 e 40 anos. Ao promover a formação técnica e psicoemocional das participantes, a PretaLab trabalha para tornar mais diverso o cenário da tecnologia no país. A diversidade, por sua vez, promove a transformação dos ambientes e dos resultados obtidos pelas empresas. Como mostrou a mesma pesquisa “Quem Coda BR”, 87% dos entrevistados concordam que a diversidade de uma equipe traz impactos positivos para o trabalho. 

O cenário majoritariamente masculino na tecnologia é resultado de processos históricos racistas, coloniais e patriarcais. A falta de acesso à educação de qualidade e outras desigualdades sociais aprofundam a disparidade ao criar barreiras ainda maiores para as mulheres negras. A baixa participação delas nesse mercado implica em perdas não só para o desenvolvimento de estruturas sociais mais justas e igualitárias, mas também para o êxito das próprias organizações. 

Com o estudo “Why Diversity Matters” (Por que diversidade importa, em tradução livre), a consultoria empresarial McKinsey apontou que empresas que valorizam a pluralidade de gênero e raça nos processos de recrutamento têm resultados 25% melhores do que as que não investem no tema. Um ambiente diverso melhora o clima organizacional, amplia a gestão colaborativa, aumenta a produtividade, a confiança da equipe e agrega valor social ao serviço oferecido. Esse é também um fator essencial para as empresas que buscam cumprir as práticas de ESG – sigla para “environmental, social, and corporate governance” –, voltando-se para uma atuação socialmente responsável.

Nos Estados Unidos, também a participação de mulheres negras na tecnologia está longe de refletir sua representação na sociedade. De acordo com um relatório do Centro de Pesquisa Pew de 2018, apenas 5% dos empregos em ciência da computação e matemática nos EUA são ocupados por mulheres negras. Outra pesquisa realizada pela AnitaB.org, uma organização sem fins lucrativos dedicada a promover a participação das mulheres na tecnologia, revelou que apenas 3% dos cargos técnicos em empresas de tecnologia são ocupados por mulheres negras.

Ao capacitar mulheres negras para a área no Brasil, a PretaLab contribui para consolidar as ODS 5, 8, 9 e 10. Segundo o relatório “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)”, publicado em 2018 pela Unesco, a presença feminina nas áreas STEM – science, technology, engineering and mathematics (em português, ciências, tecnologia, engenharia e matemática), é crucial para alcançar todos os outros objetivos de desenvolvimento sustentável, já que a pluralidade de perspectivas traz soluções criativas e inovadoras.

A coletividade e pertencimento tornam as participantes mais sensíveis aos problemas da sociedade como um todo, investindo seus talentos e conhecimentos em uma melhoria comunitária. Entre os depoimentos da pesquisa sobre os impactos da PretaLab, uma das participantes afirma: “Tenho esperança de mudar o futuro e contribuir para a renda da minha família. A gente aprende com o outro, com a dor do outro, é um auto aprendizado”.

A maioria das mulheres da iniciativa se referem ao desejo de fazer a diferença no mundo e mostram empenho para se qualificar cada vez mais como profissionais. Elas aliam a autossatisfação com a construção de pontes e o senso de responsabilidade para criar um futuro melhor para suas famílias, como relata uma delas: “Que meus filhos e netos digam a minha mãe, a minha avó trilharam um caminho diferente, ela fez diferença”.

Um dos pilares da PretaLab são seus relatórios de excelência. Os dados produzidos são fundamentais para a criação de outros projetos, para a elaboração de pesquisas acadêmicas sobre o tema e para pautar políticas corporativas e políticas públicas em prol da inserção de mulheres negras na área de tecnologia. Contratar, porém, é apenas um dos passos para a inserção de mulheres negras nesse espaço. Como afirma a gestora de projetos da PretaLab, Aldren Flores, “as empresas subestimam a diversidade e o processo de construção delas”. “Existe ainda um pensamento de que basta contratar e deixar que os profissionais se entendam, numa ideia de que as pessoas vão entender que são todas iguais. Não vão. O que acaba ocorrendo é a tensão, pela falta de treinamento das próprias empresas para criar espaços de trabalho seguros. Sem isso, a diversidade é esvaziada”, afirma.

Ex-aluna e hoje coordenadora do percurso metodológico da PretaLab, Amanda Silva lembra que ela própria vivenciou o tensionamento das relações no mercado de trabalho: “Pouco antes de eu entrar no ciclo da PretaLab, trabalhava numa outra empresa, apenas entre homens. Lembro que, se eu ficasse um mês sem falar com alguém, ninguém falava comigo. Eu questionava minha capacidade todos os dias, pensava que aquele emprego não era para mim”. Depois da formação, Amanda diz que “virou uma chave”: “No trabalho seguinte, eu já não tinha vergonha de falar, estava muito mais segura, fui promovida duas vezes num ano. Passei a ser chamada para ocupar posições de liderança. Eu mesma não imaginava que isso ia acontecer tão rápido”.

O ambiente de acolhimento criado pela PretaLab fortalece as participantes, mas é fato notório que o mercado está distante de oferecer espaços seguros e inclusivos para que mulheres negras se sintam valorizadas e respeitadas. Nesse sentido, a PretaLab também busca capacitar o outro lado da ponta: o das empresas que vão recrutá-las. O Olabi oferece às organizações desenvolvimento de metodologias e estratégias; treinamento para gestores; imersão para o setor de recursos humanos; estudos de diversidade; campanha de atração de talentos; entre outras atividades que preparam o mundo corporativo para um ambiente diverso.

Entre os casos de sucesso, está a parceria com o Google Brasil, em 2021, em que foi construído o programa de estágio exclusivo para pessoas negras na área de tecnologia para o escritório da empresa, em Belo Horizonte. Depois do processo seletivo, o Olabi trabalhou no alinhamento técnico com os novos estagiários, promoveu formação em liderança inclusiva para os gestores e, também, formação para desenvolvimento de lideranças negras da empresa.

Para que o mercado de tecnologia contemple a diversidade não como uma demanda pontual, mas como uma ação urgente de combate à injustiça social, é preciso uma mudança de cultura nas empresas, algo que não é simples nem fácil de ser feito. A experiência do Olabi nos últimos anos indica que o acolhimento, a criação de ambientes seguros e a valorização da diversidade destravam o caminho para que as mulheres negras vejam o mercado da tecnologia como uma trilha profissional possível e desejada.

Não é difícil de constatar: seja de forma empírica, observando imagens de ambientes corporativos no Brasil, seja por meio de estatísticas, a presença de mulheres negras no mercado da tecnologia não condiz com sua representação na sociedade. Se elas correspondem a 28% da população brasileira, segundo o IBGE, representam apenas 11% dos profissionais em empresas do setor no país. O perfil deles é majoritariamente masculino: segundo a pesquisa “Quem Coda BR”, a área é formada sobretudo por homens (68%), brancos (58%), com idade entre 18 e 34 anos (77%). Os dados foram levantados em 2018 pela própria PretaLab, que, então, buscava mapear a presença (invisibilizada) de mulheres negras no setor. 

Hoje, a iniciativa do Olabi é composta por uma rede de centenas de mulheres, das quais 84% se autodeclaram pretas e 16% pardas. Boa parte delas (44%) tem idade entre 31 e 40 anos. Ao promover a formação técnica e psicoemocional das participantes, a PretaLab trabalha para tornar mais diverso o cenário da tecnologia no país. A diversidade, por sua vez, promove a transformação dos ambientes e dos resultados obtidos pelas empresas. Como mostrou a mesma pesquisa “Quem Coda BR”, 87% dos entrevistados concordam que a diversidade de uma equipe traz impactos positivos para o trabalho. 

O cenário majoritariamente masculino na tecnologia é resultado de processos históricos racistas, coloniais e patriarcais. A falta de acesso à educação de qualidade e outras desigualdades sociais aprofundam a disparidade ao criar barreiras ainda maiores para as mulheres negras. A baixa participação delas nesse mercado implica em perdas não só para o desenvolvimento de estruturas sociais mais justas e igualitárias, mas também para o êxito das próprias organizações. 

Com o estudo “Why Diversity Matters” (Por que diversidade importa, em tradução livre), a consultoria empresarial McKinsey apontou que empresas que valorizam a pluralidade de gênero e raça nos processos de recrutamento têm resultados 25% melhores do que as que não investem no tema. Um ambiente diverso melhora o clima organizacional, amplia a gestão colaborativa, aumenta a produtividade, a confiança da equipe e agrega valor social ao serviço oferecido. Esse é também um fator essencial para as empresas que buscam cumprir as práticas de ESG – sigla para “environmental, social, and corporate governance” –, voltando-se para uma atuação socialmente responsável.

Nos Estados Unidos, também a participação de mulheres negras na tecnologia está longe de refletir sua representação na sociedade. De acordo com um relatório do Centro de Pesquisa Pew de 2018, apenas 5% dos empregos em ciência da computação e matemática nos EUA são ocupados por mulheres negras. Outra pesquisa realizada pela AnitaB.org, uma organização sem fins lucrativos dedicada a promover a participação das mulheres na tecnologia, revelou que apenas 3% dos cargos técnicos em empresas de tecnologia são ocupados por mulheres negras.

Ao capacitar mulheres negras para a área no Brasil, a PretaLab contribui para consolidar as ODS 5, 8, 9 e 10. Segundo o relatório “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)”, publicado em 2018 pela Unesco, a presença feminina nas áreas STEM – science, technology, engineering and mathematics (em português, ciências, tecnologia, engenharia e matemática), é crucial para alcançar todos os outros objetivos de desenvolvimento sustentável, já que a pluralidade de perspectivas traz soluções criativas e inovadoras.

A coletividade e pertencimento tornam as participantes mais sensíveis aos problemas da sociedade como um todo, investindo seus talentos e conhecimentos em uma melhoria comunitária. Entre os depoimentos da pesquisa sobre os impactos da PretaLab, uma das participantes afirma: “Tenho esperança de mudar o futuro e contribuir para a renda da minha família. A gente aprende com o outro, com a dor do outro, é um auto aprendizado”.

A maioria das mulheres da iniciativa se referem ao desejo de fazer a diferença no mundo e mostram empenho para se qualificar cada vez mais como profissionais. Elas aliam a autossatisfação com a construção de pontes e o senso de responsabilidade para criar um futuro melhor para suas famílias, como relata uma delas: “Que meus filhos e netos digam a minha mãe, a minha avó trilharam um caminho diferente, ela fez diferença”.

Um dos pilares da PretaLab são seus relatórios de excelência. Os dados produzidos são fundamentais para a criação de outros projetos, para a elaboração de pesquisas acadêmicas sobre o tema e para pautar políticas corporativas e políticas públicas em prol da inserção de mulheres negras na área de tecnologia. Contratar, porém, é apenas um dos passos para a inserção de mulheres negras nesse espaço. Como afirma a gestora de projetos da PretaLab, Aldren Flores, “as empresas subestimam a diversidade e o processo de construção delas”. “Existe ainda um pensamento de que basta contratar e deixar que os profissionais se entendam, numa ideia de que as pessoas vão entender que são todas iguais. Não vão. O que acaba ocorrendo é a tensão, pela falta de treinamento das próprias empresas para criar espaços de trabalho seguros. Sem isso, a diversidade é esvaziada”, afirma.

Ex-aluna e hoje coordenadora do percurso metodológico da PretaLab, Amanda Silva lembra que ela própria vivenciou o tensionamento das relações no mercado de trabalho: “Pouco antes de eu entrar no ciclo da PretaLab, trabalhava numa outra empresa, apenas entre homens. Lembro que, se eu ficasse um mês sem falar com alguém, ninguém falava comigo. Eu questionava minha capacidade todos os dias, pensava que aquele emprego não era para mim”. Depois da formação, Amanda diz que “virou uma chave”: “No trabalho seguinte, eu já não tinha vergonha de falar, estava muito mais segura, fui promovida duas vezes num ano. Passei a ser chamada para ocupar posições de liderança. Eu mesma não imaginava que isso ia acontecer tão rápido”.

O ambiente de acolhimento criado pela PretaLab fortalece as participantes, mas é fato notório que o mercado está distante de oferecer espaços seguros e inclusivos para que mulheres negras se sintam valorizadas e respeitadas. Nesse sentido, a PretaLab também busca capacitar o outro lado da ponta: o das empresas que vão recrutá-las. O Olabi oferece às organizações desenvolvimento de metodologias e estratégias; treinamento para gestores; imersão para o setor de recursos humanos; estudos de diversidade; campanha de atração de talentos; entre outras atividades que preparam o mundo corporativo para um ambiente diverso.

Entre os casos de sucesso, está a parceria com o Google Brasil, em 2021, em que foi construído o programa de estágio exclusivo para pessoas negras na área de tecnologia para o escritório da empresa, em Belo Horizonte. Depois do processo seletivo, o Olabi trabalhou no alinhamento técnico com os novos estagiários, promoveu formação em liderança inclusiva para os gestores e, também, formação para desenvolvimento de lideranças negras da empresa.

Para que o mercado de tecnologia contemple a diversidade não como uma demanda pontual, mas como uma ação urgente de combate à injustiça social, é preciso uma mudança de cultura nas empresas, algo que não é simples nem fácil de ser feito. A experiência do Olabi nos últimos anos indica que o acolhimento, a criação de ambientes seguros e a valorização da diversidade destravam o caminho para que as mulheres negras vejam o mercado da tecnologia como uma trilha profissional possível e desejada.

Contato:

comunidade@olabi.org.br

Sobre o Olabi

A PretaLab é uma iniciativa do Olabi, organização social que trabalha para trazer diversidade para a tecnologia e inovação. Se quiser colaborar com alguma dessas frentes de ação, entre em contato conosco.

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Contato:

comunidade@olabi.org.br

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